segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sábados de 1996


#Belem400anos
Doca do Ver-o-Peso
Belém-Pa
03/2015


como queria que o tempo voltasse às manhãs de meus sábados de 1996 em que eu perambulava com minha família no complexo do ver-o-peso...
queria tanto estar lá novamente, que chega a doer o desejo de querer aquelas manhãs de chuva ou de muito calor, com cheiro de peixe, de todo mundo falando junto, de suores, de vermelho-carne-sangue, de verde-amarelo-manga, de açaí e tapioca, de Mirinda, de Baré (antigo na garrafa preta), de chopp branquinho de bacuri, de azul escuro desbotado, de frutas cheirosas, de jerimum, de cariru, de maços de cheiro-verde molhados, de mais verduras frescas, de jambu, de tucupi amarelinho, de brinquedos coloridos, de clips de plástico no potinho de maçã transparente... queria que voltassem.

hoje tive um breve sensação de que eles estavam paralelos a mim, de perde-los de minha vivência mas, ao refletir sobre teus 400 anos, me dei conta que por ser formada por eles, pelas experiências daqueles momentos, por constituem parte de minha memória, jamais deixaria de possui-los.

assim como tua época áurea te abrilhantou, como tuas guerras te formaram, como tuas crises te ensinam, como teus filhos (ingratos ou não) te constituem, meus momentos em teu colo são eternos e atemporais, eles ressignificam minha história e contam um pedaço pequenininho da tua.

e, com muito orgulho, sou feliz por ser tua cria e fazer parte de ti :)



sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Reinauguração Drummond




Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,
entre a desmistificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
E como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.
Nossa idade – velho ou moço – pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza, a
exata beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas em redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.
Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos os olhos gulosos
A um sol diferente que nos acorda para os
descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar da vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro
e desenvolve a luz o seu frágil projeto de felicidade.